terça-feira, 4 de novembro de 2014

O PERCURSO DOS ESTUDOS SOBRE A LINGUAGEM: DOS HINDUS A FERDINAND SAUSSURE



Introdução

Este trabalho consiste numa rápida de recuperação temporal dos estudos mais conhecidos acerca da linguagem e que, anteriores a Saussure, são considerados, de acordo com Faraco (2002, p. 28) como “um longo processo preparador” para o que viria a ser a linguística a partir das concepções saussurianas.                                                                                    
Iniciando pela tradição hindu, passando pelas escolas grega e romana, passeando pela Idade Média, pelo Renascimento e chegando até o século XIX, pretende-se aqui fazer uma rápida retomada desses estudos.

Desenvolvimento


A Tradição Hindu

Para que os textos sagrados não sofressem alterações ao serem recitados ou cantados nos rituais de sacrifícios indianos, os antigos hindus começaram a estudar a língua. Eles se preocuparam em descrever minuciosamente o sistema fonético e gramatical dos hinos reunidos no Veda e, segundo Lyons (1979, p.22):

A classificação dos sons da fala feita pelos gramáticos hindus era mais detalhada, mais precisa e mais firmemente baseada na observação e na experiência do que qualquer outra realizada na Europa, ou em qualquer outra parte que saibamos, antes do fim do século XVIII [...].
Em sua análise das palavras, os gramáticos hindus foram bem além daquilo que se poderia julgar necessário ao seu objetivo original.

Os gramáticos hindus dedicavam-se ao estudo do valor e do emprego das palavras. O mais conhecido deles foi Panini (século IV a. C.). Ele fez uma descrição detalhada do sânscrito e sua obra consistiu-se num tratado em quatro mil regras ou <sutras>. Mais tarde, este tratado foi explicado por Pantañjali (século II a. C.). Foram estes dois que “estabeleceram as bases da gramática normativa do sânscrito, e os tratados hindus”.
Foi estabelecida pelos hindus a distinção de “substantivos” e “verbos”, e também daquilo que pode ser chamado de “preposição” e “partícula”, no sânscrito.                                                                                                                  
Esses estudos, entretanto, ficaram por muito tempo restrito aos hindus.
Somente foram descobertos no final do século XVIII. Deve-se considerar também que se tratava de estudos “puramente estáticos, relativos apenas ao sânscrito, efetuados, ademais, por homens totalmente desprovidos de senso histórico, de acordo com o gênio próprio da Índia” (LEROY, 1967, p.16). Acrescente-se, ainda, que os hindus se limitavam a fazer a descrição e a classificação dos fatos linguísticos sem, no entanto, nenhuma explicação ou análise.
A Índia só ficou em evidencia, de fato, no século XIX, quando o sânscrito se tornou peça básica par ao método histórico-comparativo e a reconstrução do indo-europeu, mais ainda não houve, por parte dos estudiosos ocidentais um levantamento exaustivo e ordenado das ideias linguísticas dos hindus.
Historiadores da linguística tem reservado algumas paginas a India (Panini particularmente), como é o caso de M. Leroy (6), G. Mounin (7) ou R. H. Robins (8).
É uma relutância dizer que os hindus se preocuparam com a linguagem, pois, em certo sentido, o hinduísmo inteiro é uma especulação em torno da natureza e poder das palavras! E não estaria exagerando, se dissesse que, de fato, como quer Chakravarti, os pensadores hindus foram até mais longe do que os gregos e romanos na pentração dos grandes temas e mistérios acerca da linguagem.
Para começar basta observarmos a literatura védica, numa das suas mais representativas coleções: as Upanichadas. Trata-se de uma serie de comentários poético-filosófico em que se conduzem os fieis ou discípulos ao conhecimento do Brahma “Ser ou Principio supremo”, mas não por via racional e sim pela intuição.

Os Gregos

Os estudos gregos relacionados à linguagem baseavam-se em origens filosóficas bastante fortes. Para os gregos o problema filosófico essencial relativo à linguagem era a definição entre a noção e a palavra que a designa.
Lyons (1979, p. 4) destaca que:

Os filósofos gregos discutiam se o que regia a língua era a “natureza” ou a “convenção”. Essa oposição da “natureza” e da “convenção” era um lugar-comum da especulação filosófica.

Dizer que uma determinada instituição era natural, equivalia a dizer que ela tinha sua origem em princípios eternos e imutáveis fora do próprio homem, e era por isso inviolável. Dizer que era convencional equivalia a dizer que ela era o mero resultado do costume e da tradição, isto é, de algum acordo tácito, ou “contra o social”, entre os membros da comunidade – “contrato” que, por ter sido feito pelos homens, podia ser pelos homens violados.

Essa discussão prolongou-se por vários séculos e dominou todos os estudos sobre a origem da língua, além da relação entre as palavras e o seu significado.
Com isso, surgiram várias investigações etimológicas que instigaram e provocaram outros estudos que “pesquisavam a verdadeira natureza de uma palavra, não era a sua forma original o que eles buscavam, mas seu sentido original” (WEEDWOOD, 2002, p. 47). A controvérsia entre “naturalistas” e “convencionalistas” evoluiu, a partir     do século II a. C., para uma discussão sobre a regularidade da língua e, de acordo com Lyons (1979, p. 6):

As palavras gregas para “regularidade” e “irregularidade”, no sentido que nos ocupa, eram analogia e anomalia.                                                                                    Daí, os que sustentavam que a língua era essencialmente sistemática e regular são chamados geralmente analogistas e os que tomavam a posição oposta, anomalistas.

O embate entre analogistas e anomalistas nunca foi resolvido em definitivo pelos gregos e permanece até os nossos dias. Acrescente-se que essa não foi uma disputa obstinada dos dois lados e que já se reconhecia que existiam tanto analogias, quanto anomalias, ou seja, que se tratava de uma questão de regularidade ou irregularidade da língua e, que ambas as correntes contribuíram grandemente para a sistematização da gramática grega.           
Destaca-se, ainda, que, apesar de ser um povo tão amante da história, os gregos não deixaram nenhuma descrição das línguas e dos povos com os quais mantiveram contato em suas inúmeras conquistas. Isso se justifica porque, convencidos de sua “superioridade intelectual, consideravam com desprezo essas línguas estrangeiras que só consentiam em estudar por razões práticas” (LEROY, 1967, p.16).
A língua grega, no entanto, foi muito estudada, principalmente nos procedimentos de estilo e de adequação da linguagem ao pensamento. Porém, segundo Lyons (1979, p. 10):
a análise particular refletida nas gramáticas escolares do grego estava tão longe de ser clara que a sua elaboração exigiu uns seis séculos [...].
Além disso, não é essa a única análise possível e, talvez, nem mesmo, a melhor.
De qualquer modo, não será razoável dizer-se que os modos ligeiramente diferentes de descrever a língua, preferidos por alguns dos gramáticos gregos sejam necessariamente inferiores àquilo que foi afinal padronizado e transmitido à posteridade como a gramática do grego.
É inegável que foi bastante importante a contribuição que a gramática grega deu aos estudos da linguagem e, que esses estudos, “calcados na Filosofia, abrangeram a Etimologia, a Semântica, a Retórica, a Morfologia, a Fonologia e a Sintaxe ” (CARVALHO, 2000, p.17).
Assim como é sabido que eles tinham finalidades práticas.
Era a gramática voltada para o fazer, para a ação e para a utilização da língua.
Em grego, a distinção dos três gêneros é atribuída a Protágoras (século V A.C.), enquanto que Platão distinguiu claramente os “substantivos” e os “verbos”.
Segundo ele os “substantivos” eram termos que funcionavam nas frases como sujeito de um predicado e os “verbos” eram termos que expressavam a ação ou afirmavam a qualidade. No diálogo do Crátilo, ele discutia, além de outras coisas, a questão da natureza x convenção.
De todas as escolas filosóficas gregas, a que mais se concentrou na língua foi a dos estóicos, que eram em sua maioria anomalistas. Consideravam a língua
fundamental, especialmente para a lógica, mas que incluía o que chamamos de
epistemologia e retórica, assim como a gramática. Eles fizeram a distinção entre forma e significado: o significante e o significado.
Seus trabalhos, segundo Lyons (1979, p.9-10) tinha dupla finalidade:
1-estabelecer e explicar a língua dos autores clássicos; 2- preservar o grego da corrupção por parte dos ignorantes e iletrados. No final do século II a. C. foi “publicada” a gramática de Dionísio, da Trácia.
Nela, acrescentou-se às quatro partes do discurso dos estóicos, o advérbio, o particípio, o pronome e a preposição. Essa gramática não se ocupou da sintaxe (que seria estudada uns três séculos mais tarde, por Apolônio Díscolo), mas todas as palavras gregas foram classificadas segundo as categorias de caso, gênero, número, tempo, voz, modo, etc.

Romanos

O final do século XV e primeira metade do século XVI é um período de grandes transformações. É nessa época que acontece o movimento da Reforma religiosa, a que a igreja romana reagiu com a Contra-Reforma e a Inquisição.
Acontece também uma crise muito grande na visão teocêntrica do mundo, há a ascensão do pensamento antropocêntrico e o redescobrimento da arte e da literatura dos antigos gregos. Nesse período também se pode perceber, segundo Weedwood (2002, p. 68) duas abordagens bem diferentes da linguagem: a abordagem “particular”, que se concentra nos fenômenos físicos que diferenciam as línguas, e se aproxima muito das recém-surgidas ciências biológicas em seus métodos e resultados; e a abordagem “universal” que, concentrando-se nos princípios subjacentes à linguagem, continuou a buscar muito de sua inspiração e de seu método na filosofia e especialmente na lógica.                                       
No entanto, segundo Lyons, “língua ainda era a língua da literatura: e a literatura quando se tornou objeto de estudos acadêmicos em nossas escolas e universidades, continuou a ser a obra do ‘melhores escritores’ que escreviam nos gêneros tradicionais” (1967, p. 17).                                                                         
No século XVII, já se percebia claramente a crescente atenção às línguas modernas da Europa e o declínio de valorização do latim.                                              
Essa tendência atinge seu auge com a publicação da Gramática de Port-Royal, de Lancelot e Arnoud, que “demonstra que a linguagem se funda na razão, é a imagem do pensamento e que, portanto, os princípios de análise estabelecidos não se prendem a uma língua particular, mas servem a toda e qualquer língua”.
Os romanos mantêm a controvérsia lingüística de anomalistas e analogistas, mantiveram, portanto, o interesse pela questão;
Tiveram um grande desenvolvimento da gramática. Trataram especialmente da palavra (dictio) e do discurso (oratio).
Aplicaram as estruturas já conhecidas da língua grega para sua própria língua, o latim.
Aproveitaram e assimilaram os trabalhos de Dionísio da Trácio e de Apolônio Díscolo.
Assim como os gregos, os gramáticos romanos trataram do Latim erudito, como o de Vergílio e de Cícero, e não do Latim vulgar efetivamente praticado pela massa.

Latinos

A partir do movimento e estruturação do império percebe-se a força dimensional que a língua latina adquiriu por meio das atitudes ou fatores da romanização que os romanos utilizavam-se para alargar seus domínios, como por exemplo, a entrada das legiões dos exércitos em outras regiões, as propriedades que formavam as colônias militares com os soldados aposentados, mas que continuavam a buscar defesa do império; as colônias civis implantadas nas regiões vencidas de onde era retirada a população local; a administração que usavam sempre convertia para o benefício da população romana, dentre essas podem ser citadas as construções de estradas, edifícios, a localização dos comércios que sempre tendiam ao alargamento do poderio, pois se tornavam os donos das regiões e com eles levavam a sua cultura e difundiam sua língua, estabelecendo uma uniformização linguística, uma vez que, os romanos mantinham contato como povos de outras línguas. Entretanto, é importante ressaltar que, os dominadores não impunham sua língua sobre a dos nativos, o que acontecia era a romanização de forma indireta sendo também denominados de fatores da romanização.
Estes fatores, mais tarde, vieram a influenciar na cultura dos povos suplantados, juntamente com a expansão do latim, o que lhe trouxe um prestígio mensurável por ser a língua oficial do exército romano em que os povos passavam a utilizá-la não por imposição, mas sim como mérito de utilizar a língua do então grandioso exército.
A língua latina, a lembrança das instituições políticas, jurídicas e administrativas romanas, a imitação das formas literárias e artísticas da antiguidade sobreviveram até nos tempos modernos, toda reforma, todo renascimento da civilização europeia se inspirou na civilização romana, que representava, para a Europa central e Ocidental, a totalidade da civilização antiga, à Europa, até o século XVI, por intermédio da língua latina.
Como os povos suplantados passaram a se comunicar também por meio da
língua latina, a expansão tornou-se mais ativa, acabando por tomar o lugar das línguas nativas e por meio disso, os povos incorporavam-se pouco a pouco aos romanos, estes tinham certo interesse em firmar poder também pela língua, assim a romanização era baseada na organização de atingir primeiramente governantes, oficiais, funcionários, negociantes e outros, que eram tidos como os donos do poder, para depois chegar até a classe menos favorecida por meio de pessoas da comunidade que já haviam sido latinizadas. Em decorrência, surgia o interesse em aprender e educar as crianças na vertente latina, fazendo com que esta língua se fixasse definitivamente em algumas regiões com certo tempo que, vezes e vezes, duravam séculos. Anos mais tarde esta mesma língua daria origem a várias outras línguas que se denominariam línguas
românicas.
O processo de romanização marca o início das mudanças linguísticas que o latim viria sofrer, pois ao ser incluído dentro de um grande território passou a influenciar e ser influenciado por outros idiomas existentes na época.

A Idade Média

Na Idade Média, o latim foi a língua mais estudada e expandida, por ser o
idioma da igreja ocidental. Lyons (1979, p.14) destaca que o latim não “era apenas a língua da liturgia e das Escrituras, mas também a língua universal da diplomacia, da erudição e da cultura”.
Surgiram, então, vários manuais do latim, considerando que era uma língua estrangeira para tantos outros povos e que deveria ser aprendida nas escolas. Esse contato com outras línguas e culturas poderia influenciar determinantemente o latim, mas, como ressalta Leroy (1967, p. 19), isso não aconteceu. Lembre-se aqui que o latim era uma língua principalmente escrita e, na medida em que era falado, cada povo e cada cultura a “reinventava”, “recriava”, dando-lhe outra sonoridade.
Muitos progressos aconteceram nos estudos gramaticais do latim na época medieval e grande parte desses avanços permanece até os dias atuais. A velha controvérsia entre analogistas e anomalistas, no entanto, continuou presente. Foi neste período, também, que, segundo Leroy (1967, p. 19) os modistas (nome que lhes vem do título Demodis Significandi dado a numerosos tratados) consideravam que existe uma estrutura gramatical uma e universal, inerente a todas as línguas, e que, por conseguinte, as regras da gramática são como regras perfeitamente independente das línguas particulares nas quais encontram sua realização. Os estudos sobre a linguagem concentravam-se no latim, mas havia certa curiosidade acerca das línguas faladas. Isso se dava, principalmente, por causa do avanço do cristianismo e da necessidade de comunicação para a evangelização de outros povos. Esse foi, talvez, o embrião daquilo que hoje chamamos “estudo de línguas estrangeiras”.
Destaca-se desses estudos a obra De Gramatica latino-saxônica, seguida de um glossário ou um Dicionário latino-anglo-saxão.
Dentre todos esses trabalhos, é necessário lembrar a De Vulgari Eloquentia e seu autor, Dante. Deve-se a ele muito em relação aos estudos da linguagem no período medieval e em sua posteridade.

Da Renascença ao fim do século XVIII

O conhecimento e a aceitação de um maior número de línguas vai provocar, no século XIX, o interesse por aquelas que estavam sendo utilizadas, as chamadas línguas vivas. Weedwood (2002, p. 103) afirma que a mais extraordinária façanha dos estudos linguísticos do século XIX foi o desenvolvimento do método comparativo, que resultou num conjunto de princípios pelos quais as línguas poderiam ser sistematicamente comparadas no tocante a seus sistemas fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário, de modo a demonstrar que era “genealogicamente” aparentada.                                  
A descoberta do sânscrito, no final do século XVII, foi o principal mote para que se chegasse a esses estudos comparados, pois foi percebida uma semelhança bastante significativa do sânscrito com o grego e com o latim.                                         
A partir daí, vários estudos foram surgindo nesse viés comparatista das  línguas.                                                                                                                          
Jakob Grimm, por exemplo, “demonstrou na segunda edição de sua gramática comparativa do germânico, que havia diversas correspondências sistemáticas entre os sons do germânico e os sons do grego, do latim e do sânscrito em palavras de sentido semelhante”. Essa foi a mais importante corrente do século XVII, surgindo daí o esforço de comparar línguas e classificá-las de acordo com suas identidades, ganhando cada vez mais destaque, os estudos históricos da linguagem. E, como assegura Câmara Jr. (1986, p. 26) “no começo do século XVIII esta corrente comparatista ganhou mais consistência e segurança ”.
O caminho para uma ciência linguística, propriamente dita, está aí sendo preparado com o reforço dos estudos históricos e comparativos da linguagem.
Costuma-se dizer que a linguística histórica - compreendia como a reflexão sobre as mudanças das línguas no eixo do tempo, sistematicamente realizada dentro dos pressupostos da pratica cientifica moderna. Nasceu aproximadamente há 200 anos, nos fins do século XVIII.
Estes dois séculos podem ser vistos como dividido em dois grandes períodos: o primeiro que vai de 1786 até a publicação do manifesto dos neogramáticos em 1878 é o período da formação e consolidação do método comparativo. O segundo que vai de 1878 até os dias de hoje é o período de continua tensão entre duas grandes linhas interpretativas: uma mais imanentista, que, continuadora, de certa forma, do pensamento neogramática e caudatária do estruturalismo, e depois, do gerativismo, vê a mudança como um fato primordialmente interno, isto é, como um acontecimento que se dá no interior da língua e condicionados por fatores da própria língua.  Costuma-se localizar o nascimento da linguística histórica nos fins do século XVIII. Tem-se ai a marca cronológica do inicio duma reflexão sistemáticas sobre as mudanças das línguas feita já sob os parâmetros da ciência moderna. Neste ponto, é importante dizer que a linguística como ciência não nasceu do evidentemente nada.
Precedem as formulações modernas sobre as linguagens os milênios em que as pessoas, em diferentes sociedades, pensaram a questão da linguagem. Qualquer livro de historia da linguística pode ilustrar esse longo e intricado caminho que passa pelos estudos linguísticos dos sábios hindus já no século IV a.C pelas discussões filosóficas dos gregos; pelos cuidados filosóficos dos alexandrinos; e pelas suas primeiras gramaticas da língua grega; pelas gramaticas latinas pelos filósofos modistas da Idade Média.

A Linguística do século XIX

Concorda-se em geral que a mais extraordinária façanha dos estudos linguísticos do século XIX foi o desenvolvimento do método comparativo, que resultou num conjunto de princípios pelos quais as línguas poderiam ser sistematicamente comparadas no tocante a seus sistemas fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário, de modo a demonstrar que eram ”genealogicamente” aparentadas. Assim como o francês, o italiano, o português, o romeno, o espanhol e as outras línguas românicas tinham se originado do latim, também o latim, o grego e o sânscrito, bem como as línguas célticas, germânicas e eslavas e várias outras línguas da Europa e da Ásia tinham se originado de alguma língua mais antiga, à qual é costume aplicar o nome de indo-europeu ou protoindo-europeu. O fato de as línguas românicas descenderem do latim e assim constituírem uma ”família” era coisa sabida havia séculos. Mas a existência da família linguística indo-europeia e a natureza de sua relação genealógica foi demonstrada pela primeira vez no século XIX pelos filólogos comparatistas.
Foram fundamentais para essa ciência, as seguintes premissas:
As línguas humanas são totalidades organizadas (2004: 28).
A língua é formada por partes que compõem um conjunto. Cada uma dessas partes está interligada entre si.
A ideia da língua como instituição social: a língua é parte de uma comunidade de falantes.
A língua como sistema autônomo: a língua funciona independente de influências externas.
A língua como um sistema de signos independente: os elementos que compõem a língua (os signos) se relacionam entre si na mente dos falantes.
A língua muda com o tempo: as línguas não são estáticas. As mudanças ocorrem ao longo do tempo.
A língua pode ser estudada em si e por si mesma: os fatos linguísticos são descritos e analisados apenas por dados linguísticos da própria língua.
A partir dessas ideias, que nortearão grande parte da Linguística praticada no século seguinte, destacam-se, ainda no século XIX, as mudanças ocorridas na língua ao longo do tempo. A busca de explicações para entender tais mudanças marca os estudos histórico-comparativos, em que se destacam os nomes de Humboldt e de Franz Bopp.

A contribuição de Humboldt

Um dos linguistas mais originais, senão o de influência mais marcante, em todo o século XIX foi o erudito e diplomata alemão Wilhelm von Humboldt (1767-1835). Seus interesses, diferentemente dos da maioria de seus contemporâneos, não eram exclusivamente históricos. Seguindo o filósofo alemão Johann Gottfried Von Herder (1744-1803), ele enfatizou o vínculo entre línguas nacionais e caráter nacional, o que, no entanto, era um lugar-comum do movimento romântico. Mais original foi a teoria de Humboldt sobre a forma ”interna” e ”externa” da língua. A forma externa da língua seria a matéria bruta (os sons) COM base na qual as diferentes línguas são moldadas; a forma interna seria o padrão, ou estrutura, de gramática e significado que é imposto sobre essa matéria bruta e que diferencia uma língua da outra. Já Bopp, com a aplicação desse método, percebeu semelhanças entre o sânscrito, o latim e o grego e a partir dessas observações desenvolveu sua Gramática comparada.


Conclusão

Pesquisando sobre o tema proposto, conclui-se a mudança no aspecto linguístico.
E a evolução dos estudiosos sobre o tema até o dia de hoje.


Bibliografia

Maria da Silva PEIXOTO. A linguística antes de Ferdinand de Saussure, uma retomada histórica.

Izidoro Blikstein Hinduísmo, linguística e semiologia.

Faraco, Carlos Alberto. Linguística Histórica: Uma introdução ao estudo histórico da língua. Parabola  2° edição .

WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.

Nunes de Jesus Sérgio. Contextualização histórica de léxico da língua latina:
(A constituição linguística e suas variantes formas)








Um comentário:

  1. tem plágio nesse texto. Onde está o crédito a Barbara Weedwood em parte do texto q sequer tem aspas. Vergonha!!!!

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